Retorno... 5 meses e uma nova história.

  Engraçado, hoje percebo que 5 meses é uma vida... Da tempo de fazer uma nova história, percorrer outros caminhos,encontrar novos horizontes e refazer enfim um recomeço e dar lugar a edições de novas páginas, de novos livros...

  A 5 meses declarei o afastamento do blog, e nem saberia quando me daria a chance de retornar a escrever em minha página. Nesse momento após muitas mudanças, obviamente umas ótimas graças a Deus e outras infelizmente não tão agradáveis como gostaria, decidi retornar e voltar a escrever  de fato como sempre fiz e sempre gostei...

  Então vamos lá... Como disse 5 meses pra mim foi tempo suficiente para compor uma nova história, entre elas está o fato de não morar em Brasília na cidade onde até eu residia, onde fui nascida, criada a até pouco tempo me encontrava... Hoje resido no estado de Mato Grosso, cidade onde mora meu marido. Maridoooo? Simmmm, me casei. Namorei, Noivei, Casei...rs

  Pois é, tenho muito mesmo a agradecer a Deus por ter colocado ele em minha vida, esposo que tem cuidado de mim com total dedicação, respeito, carinho, cumplicidade e o principal... Amor. E olha que literalmente as coisas não tem sido nada fáceis, juntos estamos enfrentando um pedaço de chão turbulento, se pra mim que já tinha costume de conviver e lidar com a doença a anos tenho sido pega de surpresa nos últimos tempos pelo modo que a doença tem sido agressiva, imagine então pra ele, que até então não tinha conhecimento da doença, nem tão pouco da ação dela no organismo.

  Os contra tempos são muitos, nós dois temos tido chance de amadurecer com cada fase nossa, digo nossa, porque na vida a dois, o que um vive o outro vive junto, o que um passa o outro passa junto e assim crescemos e amadurecemos os dois... Temos tido a chance de aprender muito, ensinar muito e até levar muitos sustos... Quando nos casamos, eu já estava levando uma fase agressiva da doença, passava muitos sustos nos meus pais, passava dias e mais dias e as dores eram muito fortes, incontroláveis, apesar de manter graças a Deus a todo momento a força que Deus me deu e deixar para ir ao hospital sempre no ultimo caso, pois não gosto e nunca gostei de locomover ninguém, nem incomodar ninguém problemas meus, a não ser que seja algo realmente de extrema necessidade... E realmente era, todas as vezes que eu tomava decisão de ir já chegava no hospital praticamente carregada, com dias e dias de noite de sono perdida, batimentos cardíacos alterados e a temperatura também, alguns médicos chegavam a me perguntar como eu ainda conseguia conversar, explicar tudo que se passava diante de tantas alterações. Ah doutor, isso requer anos de prática... rs... Vendo meu estado imediatamente me levavam para a sala de medicação e aplicavam morfina, o que causava um certo alivio por muitas horas e eu conseguia dormia e trazer um pouco de tranquilidade para todos... A morfina é um ótimo remédio no que diz respeito a controle da dor, ainda mais quando se chega no grau que eu já cheguei, muitos anos de doença. muitas complicações, que remedinhos do dia dia já não trazem nenhum conforto para a dor ... Porém mesmo assim tento ao máximo pedir aos médicos que se tiverem outro recurso, um remédio menos traumático ao organismo, que o aplique ao invés de aplicar a morfina, apesar de algumas vezes não conseguir convencê-los e ter quem entrar na morfina mesmo....rs... É um medicamento forte, trás alterações físicas, psíquicas, químicas, eu tenho dificuldade em conseguir manter alguma coisa no estomago após a aplicação da morfina e falo algumas coisas meio sem sentido também...rs. E quando estou em casa tenho que me medicar por conta própria para evitar ao máximo as crises de dores, o que deveria me provocar muito sono, mas ao contrário disso, completo até mais de uma semana sem conseguir pregar o olho, parecendo zumbi no meio da casa, e o detalhe é que acabo me medicando excessivamente e tendo alucinações, ao invés de dormir fico vendo cachorro gigante pulando em cima da cama, baratão voador ( ai morro de nojo) voando em cima de mim e querendo me pegar, o cachorro nem me assusta, mas a barata falta me matar...rs... É uma coisa louca, depois que passa que fico lembrando... e pensando " Nossa como aquele baratão imenso não me devorou"... Brincadeirinha....rs. Fico pensando é como não morri do coração em ver aquele bicho horrível em cima de mim, ainda bem que depois passa...rs

  Brinco um pouco com toda situação pra não morrer por dentro enquanto ainda existe uma vida, mas a verdade, quem sabe confirma, tudo é muito cansativo, exaustivo...  Tanto fisicamente, quanto psicologicamente... Você não pensa só em si, pensa em todos... Penso nos meus pais, que sofrem comigo, com minha dor, meu sofrimento, meus amigos que muitas vezes não entendem muita coisa, mandam mil mensagem dizendo que não se conformam que isso tudo esteja acontecendo comigo, que eu não merecia nada disso, meus familiares que tentam de algum jeito sempre estarem presente, acompanhar e compartilhar comigo, diminuindo um pouco meu sofrimento, até mesmo correndo atrás de coisas que acreditam que possa me dar uma melhor qualidade de vida, meu marido que se assusta com cada crise de dor que eu tenho, com cada coisinha nova que aparece e que não tem sido poucas, desmaios, falta de ar, arritmia, dores insuportáveis, manchas roxas pelo corpo e que não sabe pra onde correr, que repete inúmeras que se pudesse tirar toda dor de mim e colocar nele pra não me ver mas sofrer ele faria... Então sofro, me preocupo, choro não por minha dor em si, mas por estar fazendo todo mundo que mais me ama e que mais amo sofrer junto comigo...

  Hoje sem dúvida quero o melhor que eu posso, não falo em viver muito, mas sim de viver bem, viver em paz, viver em amor, viver melhor... Meio que aprendi nesse tempo, que tudo que eu preciso estar exatamente situado no amor das pessoas que me amam, que tem carinho por mim, afeto, pessoas essas que estão sempre comigo, ao meu lado, outras que nem me conhecem pessoalmente, mas o pouco que sabem de mim demonstra sua atenção e que mesmo de longe, sem o contato pessoal, aprendemos a nos gostar.

"Agora te digo de onde venho e do que é feito o meu coração..."

Beijinhos... Não sei se digo mais "da menina do blog", acho que ela cresceu, ou talvez continue a eterna menina... De qualquer forma:  Beijinhos... da menina do blog.